quarta-feira, 24 de abril de 2019

Canção da Despedida


Já não seremos como antes
Amada e amante
Quando as tardes de ontem
Forem só uma lembrança
Uma data e um flor seca
Pálida e sem perfume
Em uma agenda esquecida
Numa gaveta da estante.
Já não seremos mais
Corpo e alma
Selados na carne
Quando nossos olhos embaçados
Mirarem pela janela
Outros horizontes,
Outros mares
Além do agora e da ausência
Das noites adolescentes.
Já não seremos nós
Seres radiantes
Duplicados nas nossas retinas
Naquelas noites envelhecidas
Em que esfriam as cinzas
Da paixão pouco a pouco consumida.
É triste, eu sei, o que digo em silêncio
Nestes dias luminosos ainda.
Como negar a despedida
Se o tempo na estação
Já segue o seu caminho?
Como calar a verdade
Às coisas efêmeras
Como a brisa, o perfume e o sorriso?
E é por isso que, sendo fugaz,
Como um raio de sol ou uma carícia,
O amor, creia, vale a pena
Pois encerra em si a eternidade
Em um micro-átimo de vida. 

O próximo livro do escritor e poeta Antonio P. Pacheco já está no prelo. O autor foi contemplado pelo edital Paulo Gustavo da Secretaria d...